segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Censura Livre.



Deixa eu ver se entendi bem.

Quando os milicos faziam, era censura.

Quando os barões da comunicação, os editores, chefes de redação, chefes de jornalismo e repórteres mal intencionados ou mal preparados fazem, a coisa muda e se torna... "adequação e respeito à linha editorial".

Não vejo muita diferença. Vai ver é porque eu não tenho o tal diploma em jornalismo.

E ainda tem gente que quer que eu acredite que existe a tal liberdade de expressão, só porque eu posso ter um blog. Faz-me rir. Se o blog é tão poderoso quanto um jornal televisivo ou revista dominical de circulação nacional, eu troco isso aqui pelo comando do Jornal Nacional ou da Veja.

A proposta está feita. Aguardo resposta das Organizações Globo e do Grupo Abril.




ps: será que depois dessa eu ainda consigo um freela no grande circuito?



quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Depois do forró universitário e do pagode universitário...


É. Há algo de podre no reino das universidades. Depois do "forró universitário" e do "pagode universitário" (termos que sempre me soaram meio como "pobres, negros, mestiços, nordestinos e tudo mais, isso não é pra vocês"), eis que dá as caras o fascismo universitário.

Falo do caso da aluna de uma universidade privada que foi agredida porque resolveu ir à aula com um vestido curto. Há algum tempo atrás, outra universitária foi agredida porque circulou o boato de que ela havia ficado com dois rapazes ao mesmo tempo.

E para os que acham que isso só acontece aqui, numa cidade dos Estados Unidos, uma garota de 15 anos foi violentada por vários rapazes no meio de um parque. E a agressão foi testemunhada por várias outras pessoas, que não fizeram mais do que assistir a tudo e virar as costas quando a coisa terminou.

Para mim, isso é mais que falso moralismo, nos casos ocorridos aqui, e mais que violência de jovens sem limites, nos casos de lá. Para mim, isso é fascismo. Se houvesse fascimo pequeno, esses seriam exemplos de pequenos fascismos de cada dia.

Vão me chamar de teórico da conspiração, mas eu vejo clara conexão entre a dinâmica desses fatos e o formato de programas que têm pipocado na TV. Ora são programas baseados em pseudo-entrevistas bem humoradas que, de fato, funcionam apenas como humilhação, pressão, ridicularização e agressões psicológicas ao entrevistado que, seja anônimo, artista ou político, não consegue se defender. Ora são programas no formato "concurso de talentos", onde os candidatos, tenham talento ou não, são espinafrados publicamente por jurados de competência duvidosa. Nos dois casos, a coisa toda é carregada de uma violência simbólica, social e amplamente aceita pelos entrevistadores, jurados, entrevistados, candidatos e telespectadores.

Não defendo aqui os humilhados que participam desses programas voluntariamente. Também não defendo os que, pegos de surpresa, reagem com um sorriso amarelado ou soltando impropérios e golpes que só trazem a eles mais assédio. Não imputem a mim o maniqueísmo alheio.

O que eu defendo é que, no fundo, há uma cultura fascista cotidiana sendo gestada nesses programas aparentemente contestadores e ousados. O que eu afirmo é que há uma cultura totalitária ou autoritária sendo aos poucos construída e reforçada. O fato disso acontecer homeopaticamente afasta a preocupação da maioria das pessoas, que respondem com frases do tipo: "Ah! É só humor!", ou "Você é a favor da censura?", ou ainda "Vai me dizer que eles não merecem a gozação?". E assim vamos achando normal e bem humorada a humilhação, o assédio psicológico, a violência física ou mental, a desqualificação total do interlocutor, o sentimento de vingança e por aí vai.
E o fato disso acontecer homeopaticamente é o que mais me deixa preocupado. Porque questionar essa babaquice toda soa como absurdo, maluquice, exagero, mau humor etc. E quem questiona ou é desqualificado ou agredido... No melhor (pior) estilo totalitário.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma mais histórica.


Tenho a impressão de que muitas das classificações, distinções e oposições, criadas e ultilizadas do Iluminismo até a Guerra Fria, já não fazem mais sentido. Sobretudo aquelas que se referem à política e à sexualidade.


Se isso é bom ou ruim? Não sei. Desconfio que até os conceitos de Bem e Mal já não sirvam mais pra nada.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Bem Estar x Estar Livre?


Um carro popular ano 2003 (que já vendi para me forçar a usar o transporte coletivo), luvas e capacete de boxe, um computador, uma multifuncional, um tablet e material de arte (todos usados para trabalhar), alguns cds e livros, uma bateria já surrada e uma pilha de roupas. Fora isso, não tenho qualquer bem material de relevância. Nada que tenha qualquer valor de troca.

Em se tratando de bens culturais (e eu odeio essa expressão), só tenho mesmo algum conhecimento de Ciências Humanas e algum conhecimento artístico, os quais utilizo pra fazer algum.

Esse foi o quadro que notei na minha última declaração de imposto de renda. E a sensação que isso me deu foi, estranhamente, de liberdade. Não sei bem o que isso quer dizer de fato, mas meu bem estar não depende de quinquilharias e bugigangas, independentemente do tamanho e da modernidade.
Meu estar bem depende, sim, das idéias e sentimentos que expresso e das relações que estabeleço. Liberdade não é potência ou direito individual que, frente a outros indivíduos, deve ser limitado. Liberdade é relação em si entre indivíduos e, nesse sentido, é sempre coletiva e individual.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Eleições + Transporte + Urbanização.


Sobre a questão dos transportes nas grandes cidades, principalmente em São Paulo, acho que já vi e ouvi de tudo na grande mídia e nas bocas e cartilhas dos partidos. Um milhão de soluções. Todas temporárias. Todas a nascer já ultrapassadas pelo crescimento da população humana e automobilística. Nenhuma delas pretende destruir a idéia estapafúrdia de automóvel de passeio. Nenhuma delas pretende colocar em risco, de maneira concreta, a dinâmica que centraliza empregos e serviços nas megalópoles.
Propostas nesse sentido eu só ouvi de um punhado de estudiosos sem fama, num programa sem audiência, num horário sem sono. Os "malucos" informaram que, todos os dias, algo em torno de 3,5 milhões de habitantes cruzam São Paulo de Leste a Oeste. Todos os dias. Um Uruguai inteiro. Eu não duvido. Eu acho provável. Eu acho deplorável.
Algumas toneladas e diversos metros cúbicos de volume para transportar, por centenas de quilômetros e por horas intermináveis, alguns seres vivos de algumas dezenas de quilos, pouco volume e que, se pudessem escolher, passariam mais tempo em casa e no bairro.
O que eu proponho? Descentralização da economia (em todos os sentidos) e redefinição da idéia de bem estar, no sentido desta não mais se confundir com consumo e acúmulo de bens e serviços.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

É proibido usar o bom senso...

É proibido fumar. Também é proibido usar o bom senso e a autonomia individual ou coletiva, pricipalmente para resolver as coisas fora do esquema "situação problemática > intromissão estatal paternalista > lei > criminalização > punição + vigilância + controle > ampliação da cultura autoritária nossa de cada dia + infantilismo político geral e irrestrito".

Golpe em Honduras + Lula + ONU.

Ao contrário do que se afirma majoritariamente na grande mídia, as repercussões e consequências do golpe em Honduras não constituem trapalhada alguma. Elas estão ligadas a uma rede intrincada de relações políticas históricas e conjunturais das mais sérias.
O golpe resultou de uma oposição, até aqui irredutível, entre o legislativo federal hondurenho, sob domínio conservador e com apoio da cúpula militar, e o executivo federal, sob chefia de Zelaya, conectando-se diretamente às camadas populares e procurando dirigi-las da maneira oportunista que caracteriza todos os populismos, sejam de esquerda, sejam de direita.
Consumado o golpe, Zelaya soube virar a mesa, não apenas mantendo a questão em discussão nos fóruns internacionais mais regionais, como a OEA, mas levando-a ao Conselho de Segurança da ONU e envolvendo a diplomacia brasileira e estadunidense no embrólio. Ou seja, soube adicionar força à sua posição política que tendia ao enfraquecimento.
O governo do Brasil, alegando ter sido pego de surpresa, tira proveitos da situação, ampliando sua esfera de influência regional para a América Central.
O governo de Obama aproveitará a crise para livrar-se dos quadros diplomáticos que herdou do governo Bush, além de reforçar a imagem de renovação que procura passar sempre que possível. Por fim, cria uma dinâmica de dividir com o Brasil a responsabilidade e o ônus de policiar os rumos políticos da América Latina, num momento em que quer manter seus esforços direcionados para áreas do globo mais importantes em sua estratégia, como o Oriente Médio.
Mas se sairmos do maniqueísmo fácil das oposições entre golpistas e populistas, a verdade é que nenhum dos lados envolvidos quer ver populações autônomas no que se refere à elaboração e conquista de suas próprias reivindicações, atuando independentemente das negociações democráticas, diplomáticas e das instituições e poderes estatais, golpistas ou não.